Essure: o dispositivo contraceptivo que causa sequelas
Saúde

Essure: o dispositivo contraceptivo que causa sequelas

Há alguns dias o Essure ganhou destaque em alguns jornais e nas redes sociais. Minha primeira reação foi pensar ‘O que é Essure?’. Confesso que não tinha a menor ideia do que se tratava e do mal que fez esse objeto – de nome estranho – causou a diversas mulheres. De forma simplificada, Essure é um dispositivo contraceptivo que deixou diversas sequelas em mulheres brasileiras.

Fabricado pela gigante alemã Bayer, o Essure é um dispositivo em formato de duas molas de aproximadamente 4cm, cada. Os objetos são inseridos na passagem das trompas ao útero fazendo, assim, com que os óvulos maduros não cheguem ao útero da mulher e, consequentemente, não sejam fecundados.

O método se popularizou por ser uma espécie de laqueadura sem cortes, sem dor, sem anestesia e era disponibilizado pelo SUS desde 2009. Mulheres com mais de 25 anos e com, pelo menos, dois filhos eram elegíveis para a inserção do Essure. O que ninguém esperava é que o dispositivo fosse causar diversas sequelas definitivas nessas mulheres.

Pacientes revelam que começaram a sentir dores crônicas, inchaço, deslocamento do dispositivo para outras partes do corpo, desconforto durante a relação sexual e até gravidez indesejada.  Há quem relate casos até de câncer no ovário também. No entanto, não há comprovação médica.

Devido aos diversos casos que foram parar na justiça, em 2017 a Anvisa retirou o produto do mercado e o Essure deixou de ser disponibilizado pelo SUS. Mas, infelizmente as sequelas físicas e mentais vão acompanhar essas mulheres para sempre.

Essure: luta por justiça após sequelas

Na última semana, dezenas de mulheres protestaram em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro pedindo assistência médica e cirúrgica para a retirada do método, que é irreversível. De acordo com a Associação “Vítimas do Essure”, cerca de seis mil mulheres estão na mesma situação no país.

O jornal El País informou que, até 2018, existiam 26.700 notificações de eventos adversos atribuídos ao Essure nos Estados Unidos. A própria Bayer teria admitido que era alvo de ao menos 16 mil processos judiciais de pacientes no país. Uma coisa é um método contraceptivo não funcionar de forma adequada para uma mulher. Isso acontece e aconteceu comigo enquanto usava o DIU de cobre. Outra coisa é mutilar e incapacitar as pessoas.

Essas notícias apertam demais o coração. Na maioria das vezes a responsabilidade pela contracepção do casal recai sobre a mulher.  Se não tomou o anticoncepcional na hora, se a camisinha rasgou, se não tomou a pílula do dia seguinte, culpada, culpada e culpada. Esse é o preço que pagamos pela liberdade sexual e reprodutiva. Exaustivo!

Compartilhe:

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *