Devaneios

Cai por terra teoria dos anos ímpares

São 8h08 da véspera de Natal e eu tenho tanta coisa para fazer que se eu parar para enumerar, vou perder a entrada do Papai Noel pela chaminé. Festas de fim de anos são sempre aquela correria doida, mas quando dá meia-noite, a gente esquece de toda a trabalheira e só aproveita. 

Dei uma pausa da minha correria para escrever esse pequeno texto. Alguém vai ler? Provavelmente não, mas eu sou assim com a escrita, quando a inspiração vem, tenho que acolher. Gera um incomodo no peito até as palavras saírem da cabeça e irem para os dedos. 

Enfim, sempre amei anos pares. Parece uma loucura, mas desde que me entendo por gente foi assim. Sempre era: “Ah não. O próximo ano será ímpar. Odeio! Tudo dá errado”. Estamos em 2023. Ainda. Mas agora que eu já consigo fazer uma avaliação sóbria desse ano, a fiz e fiquei extremamente surpresa.

2023 começou um completo caos. Indefinições no trabalho, indefinições na vida familiar, indefinições na vida amorosa. Até abril, a minha vida foi uma eterna interrogação. E quem tem ansiedade sabe que o combustível de uma crise é não ter o controle das situações’. Aí o que aconteceu? A ansiedade piorou, a depressão triplicou e eu culpei o ano ímpar, afinal, anos ímpares eram sempre ruins. 

Entre muitas coisas que aconteceram, nesse ano comecei as minhas sessões de terapia com um psicanalista. E em um ano, a minha vida melhorou tudo o que não consegui mudar em 12 anos de Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC). 

Quero deixar registrado que o período entre o fim de novembro até o dia de hoje, descobri o poder do ˜E o que que tem?”, da meditação e da gratidão. Isso mudou completamente a química do meu cérebro e me faz duvidar das mudanças, confesso. Parei de tomar os antidepressivos, parei de faltar a terapia, voltei a fazer atividade física, comecei a me arrumar e sair mais e, o mais importante de tudo, comecei a me sentir feliz. Feliz mesmo! Nem sabia que era possível ficar feliz por dias e dias. 

Só sei que a psicanálise me ajudou a levar a vida menos a sério, enxergar além dos fatos e questionar muito. Entendi que toda a turbulência que enfrentei e as inúmeras crises de choro que tive, me fizeram chegar até aqui. Mais do que isso, entendi o porquê de tudo ter acontecido e tudo se encaixou magicamente depois. 

Depois das dificuldades, tudo foi de 0 a 100 em pouquíssimo tempo. De repente, 2023 virou o melhor ano da minha vida profissional, minhas questões familiares voltaram à calmaria e a minha vida amorosa, finalmente, deu certo! “Hummmm. Tá namorando?”, vocês devem se perguntar. E a resposta é SIM! Depois de 32 anos, me vi como uma mulher extremamente interessante, divertida, inteligente e bonita! Pode parecer estranho porque eu aparento ter uma autoestima inabalável, mas a verdade é que ela sempre foi meio estremecida. Mas, agora, tudo mudou. E estou me namorando! 

E isso me fez, finalmente, ver as red flags antes de me envolver com alguém, me fez perceber que eu não tinha nada a ver com as pessoas que eu ficava e, o melhor de tudo, me fez a não aceitar mais o mínimo por carência. Ouso até dizer que me curei da carência. Essa malditinha me fez cair em cada roubada, ver afetos onde não existia nem um mínimo de coleguismo.  Agora eu sou vista como a chata que não dá chance para ninguém. Se essa fama me assustava, hoje ela me orgulha por N motivos.

Enfim, falei demais, mas o que quero deixar registrado para mim mesma é que não importa se o ano é par ou ímpar. O que interessa é a minha capacidade de acolher, ser grata por tudo que acontecer e modificar o que me incomodar. São 365 dias. Não é possível colocar a maioria deles no `bolo do ano ruim`.  2024 está batendo na porta. Será um ano par, mas sei que também terei dias bem ruins, mas agora já sei o que fazer quando esses dias chegarem. Para finalizar, de verdade, quero deixar um agradecimento ao ano de 2023. Muito obrigada pelas dificuldades, pelas alegrias e pelos ensinamentos! Muito obrigada, 2023! 

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